Recuperação do turismo no Brasil
O setor de turismo deve iniciar sua recuperação econômica conduzida pelo turismo doméstico ainda este ano, mas a recuperação total não virá antes de 2023.
O setor de turismo foi um dos mais afetados pela pandemia de Covid-19 em todo o mundo devido às medidas de isolamento social e ao fechamento de fronteiras. Assim, o ano de 2020 viu uma queda de 60% no tráfego aéreo global conforme dados da Organização Mundial do Turismo (OMT). No Brasil, desde o início da crise sanitária em março de 2020, o setor de turismo apresentou perda de 413,1 bilhões de reais de faturamento de acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC).
As políticas de combate à disseminação do vírus provocaram a maior retração na atividade do setor ainda no início da pandemia. Entretanto, é possível notar, pelo gráfico abaixo, que as perdas de faturamento do setor passaram a acompanhar a evolução da doença no Brasil.
Com o arrefecimento da pandemia e o avanço da vacinação, o setor vem apresentando uma recuperação em relação aos números observados em 2020: em junho, o faturamento do turismo apresentou um crescimento de 47% em relação ao mesmo mês do ano anterior (época em que boa parte das atividades do setor estava paralisada), de acordo com a FecomercioSP.
Projeções da CNC estimam que o faturamento do setor deve crescer 19,1% em 2021. Se esses números se confirmarem, o setor ainda estará distante dos níveis pré-pandemia, considerando que o turismo apresentou redução de 38,1% em 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A expectativa do setor é que a recuperação da sua atividade econômica seja puxada pelo turismo doméstico ainda em 2021 conforme a flexibilização das restrições sanitárias e o avanço da vacinação no país. Esse movimento de recuperação do turismo doméstico antes do turismo internacional é previsto em todo o mundo, especialmente em países com grande mercado doméstico. O relatório Recovery Insights: Ready for takeoff?, do MasterCard Economic Institute, aponta que as viagens aéreas domésticas demonstram essa recuperação em diversos países, como EUA, França e Austrália, onde as reservas de passagens aéreas domésticas já superaram os níveis pré-pandêmicos.
Corroborando com as perspectivas de recuperação do turismo doméstico, dados da Cielo apontam que o segmento de turismo e transportes foi o que apresentou a melhor recuperação no varejo desde maio deste ano; ainda assim, os números estão 12% abaixo dos observados em 2019.
Já a recuperação do turismo internacional deve ser mais lenta, dependendo do grau de flexibilização das restrições sanitárias em cada país. Uma pesquisa da OMT, realizada com especialistas do setor de turismo ao redor do mundo, mostra que 85% dos entrevistados acreditam que a total recuperação do turismo internacional no planeta deva ocorrer a partir de 2023. Esse valor aumenta para 97% se considerado o turismo internacional nas Américas; nota-se ainda que a maior parcela dos entrevistados presume que este não retorne ao normal antes de 2024.