Skip links

Juros em alta, liquidez em baixa: como o cenário econômico global afeta o mercado de M&A

               Na última década, o mercado financeiro global atravessou um momento extremamente atípico em sua história: após a crise financeira de 2008, os bancos centrais mundo afora embarcaram em um verdadeiro experimento monetário, levando as taxas de juros a níveis historicamente baixos, adentrando inclusive o território negativo. Como principal consequência, o que pudemos observar foi uma verdadeira busca incessante por rendimentos, trazendo os valuations de empresas públicas e privadas a patamares extremamente elevados.

               Nos últimos dois anos, entretanto, diversas questões reverteram rapidamente esse cenário. Os tão falados choques nas cadeias de suprimento globais, a alta de diversas commodities, a guerra entre Rússia e Ucrânia e as medidas adotadas pelos bancos centrais para combater os efeitos negativos da pandemia de Covid-19 – com injeções de liquidez no sistema financeiro e diretamente nos bolsos das famílias – trouxeram de volta à realidade um cenário que muitos, principalmente os mais jovens, jamais vivenciaram: o da inflação alta em todo o mundo, chegando a patamares vistos pela última vez na década de 1970.

               Diante dessa crise e buscando frear o dragão inflacionário, os bancos centrais se veem obrigados a elevar os juros de forma acelerada. Nas últimas semanas, observamos o Federal Reserve, dos EUA, elevar sua taxa básica em 0,75 ponto percentual, a maior alta desde 1994; já o Banco Central Europeu apresentou a mesma alta na taxa da zona do euro, sendo a primeira desde a criação da moeda no começo dos anos 2000. No Brasil, onde nos acostumamos com altas de preços, a atuação do Bacen não foi diferente, com altas consistentes na Selic desde meados de 2021, chegando a 13,75% ao ano e com perspectivas de novas altas, se necessário.

               Com os juros em alta, o ambiente dos investimentos muda radicalmente em relação ao que observamos na década passada. Se antes os investidores se mostravam dispostos a tomar maior risco em busca de rendimentos mais expressivos, hoje o que impera é um sentimento de cautela e cobrança de prêmios maiores para a realização de novos investimentos. O movimento das bolsas de valores reflete essa tendência, com quedas expressivas nos principais índices globais e o fechamento da janela de IPO’s, que ocorreram com frequência até meados de 2021.

               No contexto de fusões e aquisições (M&A), os efeitos adversos da alta de juros também podem ser sentidos. Com o dinheiro mais caro e maior aversão a risco, existe a possibilidade de o apetite por negociações diminuir e de que o ritmo de crescimento nas operações perca o fôlego que vinha mostrando nos últimos anos. As incertezas decorrentes do cenário macroeconômico e o aumento dos custos de financiamento podem fazer com que algumas empresas, antes ávidas por expansão e consolidação de mercado, adiem seus planos para quando as condições econômicas voltem a patamares mais otimistas.

               Entretanto, mesmo nesse cenário turbulento, a perspectiva para o mercado de M&A pode ser positiva. Ainda que o capital não esteja mais tão abundante quanto nos últimos anos, as empresas que souberam aproveitar os momentos de euforia, inclusive as que abriram seu capital recentemente, dispõem hoje de balanços saudáveis e dinheiro em caixa, o que as coloca em boa posição para investir em aquisições e consolidar seus mercados. Juros mais altos e perspectivas de menor crescimento econômico podem trazer dificuldades para empresas mais endividadas e com balanços mais frágeis, o que as torna alvos de interesse dos consolidadores.

               Outro fator relevante, de natureza mais ligada à macroeconomia, é a tendência de “desglobalização” e realocação dos processos produtivos, reflexo dos choques nas cadeias de suprimento e questões geopolíticas. A preocupação crescente com a segurança do fornecimento de matérias-primas e energia pode fazer com que empresas, principalmente aquelas com atuação global, busquem fortalecer sua presença nacional ou em mercados próximos de suas matrizes; nesse contexto, a posição geográfica do Brasil com relação aos Estados Unidos e a força do dólar em relação ao real são características favoráveis que aumentam as chances de ocorrerem M&A’s entre esses dois países.

               Em resumo, o cenário para fusões e aquisições pode ser encarado como misto e muito dependente dos fundamentos de cada setor e empresa. Enquanto alguns players se mostrarão hesitantes em promover investimentos e focarão em se adaptar à nova realidade econômica, aqueles que apresentam boas condições financeiras podem estar diante de um momento oportuno para se consolidar, expandir sua participação de mercado e preparar o terreno para quando os tempos de bonança retornarem.

Já reconhecida pelo mercado com os trabalhos de valuation, testes de CPC e reestruturação de empresas, a Valuup vem se estruturando cada vez mais para atender o crescente mercado de M&A, tendo recebido seu primeiro reconhecimento em pesquisa realizada pela equipe do investimentbanking.com.br, como boutique com relevância no cenário brasileiro.

 Entre em contato para entender como podemos ajudar sua empresa nesse processo.