Venture Capital em 2023: Desafios e Oportunidades do Primeiro Semestre
O mercado de Capital de Risco (Venture Capital, VC) é uma esfera de investimento que disponibiliza recursos financeiros com risco para empresas em seus estágios iniciais e/ou com perspectivas de crescimento acelerado. Consequentemente, este tem emergido como um catalisador fundamental para a inovação e o crescimento econômico à medida que as empresas que obtêm tais recursos desenvolvem novas tecnologias ou produtos, com o potencial de transformar seus respectivos setores e, de forma mais ampla, contribuir para o desenvolvimento econômico geral.
Esse é um mercado de natureza global, atrativo para investidores de todo o mundo, com os Estados Unidos se destacando como o principal epicentro de atividade em VC em escala mundial, seguido pela Europa e China, respectivamente. No entanto, é importante observar que o mercado de VC tem demonstrado crescimento vertiginoso em outras regiões também, tais como América Latina, África e Ásia. Esse fenômeno se deve a uma série de fatores, incluindo o aumento da inovação tecnológica, a globalização da economia e o surgimento de novas plataformas de investimento.
No decorrer dos últimos anos, o mercado de VC tem experimentado um notável crescimento. Em 2021, o volume global de investimentos atingiu a cifra de US$ 362 bilhões, refletindo um aumento de 103% em relação ao ano anterior. No entanto, 2023 teve seu início em meio a um ambiente econômico mais cauteloso, com investidores adotando uma abordagem mais criteriosa em relação a seus aportes, o que não foi exceção nesse mercado.
Os montantes investidos em VC em todo o mundo têm declinado. Conforme dados da Distrito, no primeiro semestre de 2023, as startups brasileiras arrecadaram US$ 778,1 milhões, denotando uma diminuição de 51,4% em relação ao semestre anterior, quando foi investido US$ 1,5 bilhão. Além disso, o número de aportes também registrou uma queda significativa, com apenas 199 rodadas de financiamento realizadas durante o mesmo período, representando uma redução de 49,1% em comparação com os seis meses precedentes e de 63,2% quando comparado ao mesmo período de 2022. O último ano em que o número de rodadas ficou abaixo da marca de 200 foi em 2017, quando houve a concretização de 167 transações no segundo semestre, levantando US$ 386,6 milhões.
Apesar dessas oscilações, os Estados Unidos continuam sendo o maior mercado de VC do mundo. Apenas no primeiro trimestre, o país atraiu US$ 43 bilhões em investimentos, enquanto a Europa ocupou o segundo lugar, com US$ 11 bilhões, seguida pela China, com US$ 6 bilhões, conforme dados da Pitchbook.
No cenário brasileiro, o volume de investimentos em capital de risco apresentou um crescimento de 10% no primeiro semestre de 2023, totalizando R$ 10,3 bilhões, segundo informações da Distrito. O número de acordos também aumentou em 10%, totalizando 531 transações. A nível global, os setores que mais receberam esse tipo de investimento, nesse período, compreendem tecnologia de consumo e financeira, saúde, logística, varejo e energia.
Além disso, com base em uma pesquisa conduzida pela ACE Ventures, com o objetivo de traçar o perfil dos empreendedores de startups no Brasil e de entender questões relacionadas aos negócios, observou-se que as startups estão direcionando seu foco, predominantemente, para o modelo B2B (business-to-business). De acordo com os dados, apesar da impressão dada pelos unicórnios brasileiros de que o mercado nacional é orientado ao consumidor final (B2C), mais de 76% das startups brasileiras estão concentradas em atender outras empresas.
Por fim, no que diz respeito às perspectivas para esse mercado, como reportado pelo Estadão, em um contexto de crédito restrito, muitas startups poderão enfrentar dificuldades financeiras, e outras poderão ser adquiridas ou se fundir. As startups bem-sucedidas, que tenham modelos de negócios sustentáveis, poderão acessar o crédito remanescente. No entanto, para isso, elas deverão estar dispostas a aceitar avaliações substancialmente menores de seu valor de mercado, além de demonstrar sua capacidade de sustentabilidade.
Logo, conclui-se que é previsto um aumento nas atividades de fusões e aquisições, com startups aproveitando oportunidades para consolidar receitas e melhorar sua eficiência operacional, enquanto outras serão alvo de aquisições.