Ajustes no plano de voo do Copom
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), acerca da reunião dos dias 3 e 4 de maio de 2022, sinalizou como provável a extensão do ciclo de aperto monetário. Ou seja, Roberto Campos Neto (RCN) precisará ajustar seu plano de voo que, inicialmente, indicava um último aumento de juros em 12,75%. Entendemos que, na próxima reunião, em junho, o Copom possa aumentar em 50 pontos-base, levando a taxa de juros Selic para 13,25%.
A continuidade do aperto monetário dependerá de fatores internacionais e domésticos. No cenário externo, o prolongamento do conflito na Ucrânia com os lockdowns na China tendem a gerar uma reorganização das cadeias de produção globais com uma maior regionalização na cadeia de suprimentos. Empresas estão reduzindo ou parando sua produção por falta de insumos. Com efeito, haverá maior persistência inflacionária.
O Copom projeta uma inflação em 7,3% para 2022 e 3,4% para 2023, mas com um grau de incerteza acima do usual. Dois fatores preocupam o Comitê: o cenário internacional incerto e o futuro do arcabouço fiscal do país, que podem pressionar ainda mais a inflação, exigindo uma política monetária mais contracionista. Em agosto, com o Projeto de Lei Orçamentária sendo enviado ao Congresso Nacional e com as eleições presidenciais, o arcabouço fiscal poderá ser afetado, criando um ambiente econômico mais delicado para a autoridade monetária.
O fato é que o ambiente atual adverso cria um desafio considerável para que a condução da política monetária venha alcançar seus objetivos de reduzir a inflação atual e, concomitantemente, alinhar as expectativas de inflação de médio prazo com sua meta. Não será uma tarefa fácil. Espero que RCN não precise fazer novos ajustes de plano de voo.