O cooperativismo agropecuário na Região Sul
Dentre os vários ramos do cooperativismo, o agropecuário foi, sem dúvida, o que mais se desenvolveu na Região Sul do Brasil. De acordo com a edição número 92 da revista Forbes, publicada em 5 de dezembro de 2021, das 100 maiores empresas do agronegócio brasileiro, 27 cooperativas são de produtores agropecuários. Dessas, 14 estão localizadas no Paraná, cinco em Santa Catarina e duas no Rio Grande do Sul. Em 2020, as receitas somadas dessas cooperativas totalizaram R$ 116,8 bilhões.
Em um ano turbulento, em razão da pandemia do coronavírus, poucos setores escaparam da crise. As cooperativas agropecuárias conseguiram manter o bom ritmo de produção dos últimos anos, demanda contínua por alimentos no mercado interno e no externo, puxado, especialmente, pela demanda asiática e pelo câmbio.
É importante frisar o papel fundamental do cooperativismo no desenvolvimento dos três estados pertencentes àquele pedaço do mapa. Como pode ser observado na tabela abaixo, o Rio Grande do Sul concentra 54,9% das cooperativas agropecuárias da Região Sul, estando as demais distribuídas entre os estados de Santa Catarina (19,7%) e do Paraná (25,3%). Quanto aos cooperados, 57,0% estavam filiados a cooperativas gaúchas, 12,3% encontravam-se ligados a cooperativas catarinenses e os demais 30,7%, às cooperativas paranaenses. As cooperativas agropecuárias do Paraná eram as que mais geravam empregos dentre aquelas instaladas na Região Sul. Dos 181 mil postos de trabalho mantidos por essas empresas, as cooperativas paranaenses detinham 53,0% enquanto as catarinenses eram responsáveis por 26,5% e as gaúchas, por 20,4%.
Essa marcante diferença entre a distribuição dos cooperados e dos empregados nos três estados da Região Sul justifica-se pelo porte das empresas do ramo agropecuário do estado do Paraná que, de um modo geral, encontra-se num estágio de industrialização bem mais avançado do que as cooperativas agropecuárias gaúchas e catarinenses.
Os resultados do ano de 2021 estão sendo, aos poucos, divulgados pelas grandes cooperativas da Região Sul, e os números são surpreendentes. A Castrolanda fechou 2021 com um novo recorde financeiro: o faturamento anual atingiu a marca de R$ 5,9 bilhões – o maior valor registrado em 70 anos de história. Já o faturamento da Copacol chegou a R$ 7,9 bilhões no ano passado, mesmo com as adversidades enfrentadas devido aos efeitos do clima e aos impactos da Covid-19. O crescimento foi de 38%, o maior dos últimos cinco anos.
Na mesma linha, a Lar Cooperativa apresentou em assembleia geral o resultado líquido de R$ 823,7 milhões e o faturamento bruto superior a R$ 17 bilhões em 2021, montante semelhante ao faturado por outra grande cooperativa do oeste paranaense, a C. Vale, que alcançou a receita de R$ 17,44 bilhões em 2021, uma alta de 42,21% com relação ao ano de 2020. Os resultados comprovam a pujança da economia da Região Sul, mesmo com os desafios enfrentados.